domingo, 8 de maio de 2011

Aniversário

Dia 06/01/1921 - Quinta feira : Completo hoje 18 anos e passei um dia muito alegre e feliz !
Logo pela manhã, fui com tio Roberto, à estação, esperar duas de minhas irmãs, a Maria e a Toquinho, que vieram do Rio.
Antes da chegada do trem, o Tio Roberto, que sempre gostou de me contrariar, disse :
- Eu aposto, Santa, que elas não vêm hoje, dou-lhe até um presente, caso eu perca a aposta.
Eu, não querendo mostrar que ficara zangada, respondi :
- Não, tio Roberto, vamos apostar, mas é assim, se o senhor perder, me dará um vidro de extrato de Maderas do Oriente e se eu perder, lhe darei uma caneta tinteiro.
Esperando mais alguns minutos, ouvimos o apito da locomotiva, meu coração começou a bater mais forte que um relógio.
Afinal, os carros param e vejo a Toquinho na janela. Ou seja, neste dia, tio Roberto teve que me dar dois presentes : o Maderas e o de aniversário, que foi um estojo de costura.
Durante a tarde, todas nós, fizemos marcas de cotillon*, para o baile da noite.
A Neide, minha irmã mais velha, tem um genio muito bom e alegre, é ela quem inventa fazer estas marcas e dirige tudo.
Fazemos depois a lista de convidados, tendo sempre em primeiro lugar o Newton. Cada uma das primas lembra o nome de um rapaz preferido. Entre essas marcas de cotillon, todas muito interessantes, há uma de que todas gostam : cola-se uma fita de papel de seda azul a outra vermelha; uma verde e a outra branca e assim por diante, sempre desencontrando as cores, uma pessoa segura nas fitas, no lugar da emenda, cada rapaz de um lado, pega na ponta de uma das fitas e cada moça, de outro lado, segura também na extremidade de uma delas. A pessoa que segura no meio, solta. Moças e rapazes puxam as fitas, pensando que a azul vai dançar com azul e a branca com branca, mas sai tudo diferente.
Dançamos hoje até ás duas da madrugada e eu me deitei ás duas e meia, muito feliz com as visitas e cumprimentos que recebi e satisfeita com os presentes que ganhei.

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